DEPOIS DO PRIMEIRO LUGAR NO MEETING DE 2018, ATLETA DE SINES VOLTA AO PÓDIO
O surfista sineense integrou a seleção nacional de Surf Adaptado e fez história, no primeiro campeonato europeu da modalidade em que Portugal participou. É vice-campeão europeu e o presidente da Federação Nacional acredita que pode brilhar nos mundiais da modalidade.
TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM VIANA SURF CLUBE
O primeiro Campeonato Europeu de surf Adaptado, que se realizou em Viana do Castelo, colocou nas bocas do mundo o «a determinação» do atleta sineense Camilo Abdula. Conquistou a medalha de prata nos europeus da modalidade e, segundo João Aranha, presidente da Federação Nacional de Surf (FNS), «pode chegar longe nos mundiais, se continuar a evoluir e a treinar com afinco».
Aos 12 anos, por «influência do irmão», Camilo começou a praticar desportos aquáticos, apesar da deficiência congénita no braço esquerdo, e não mais parou. Chegou a ser treinador de surf e a participar em julgamentos de provas, lembrando que, na altura, «estava longe de pensar numa representação nacional. Fazia desporto por prazer». No entanto, e através da associação de surf adaptado, começou a pugnar pela composição de uma equipa para representar Portugal.
Em 2015 esse parecia ser um desígnio concedido. A federação começava a desenvolver a criação da seleção e a observar atletas que pudessem integrar a equipa. Camilo Abdula estava na lista desses “olheiros”. Em 2018 foi convocado para o primeiro meeting internacional de surf adaptado, onde garantiu o 1.º lugar da sua classe (AS1), mas foi no mundial de La Jolla, Califórnia, que Camilo mostrou a sua garra.
«Foi a minha primeira competição a sério, nos Estados Unidos da América, e alcancei o 13.º lugar. Fiquei muito entusiasmado e ainda mais focado nas vitórias», conta ao Semmais. Os resultados do atleta «orgulham» a federação que, ainda assim, tem poucos atletas. «Há deficientes, mas não há atletas. Espero que os nossos resultados inspirem mais pessoas a juntar-se à equipa».
Uma realidade corroborada por João Aranha, da FNS. «Temos excelentes atletas, mas são poucos. Continuamos a fazer observações», admite. No primeiro europeu de surf adaptado a seleção nacional esteve em evidência, ao conquistar o terceiro lugar com quatro atletas e cinco medalhas.
A vianense Marta Paço, de 13 anos, cega de nascença, foi campeã da europa na classe VI e conquistou o bronze na prova mista. Nuno Vitorino conquistou o título de campeão europeu na classe As5, enquanto Nuno Maltez assegurou o quarto lugar na categoria As4. Camilo Abdula trouxe para Sines a medalha de prata e o título de vice-campeão da europa.
Com treinos diários, no ginásio e no mar «onde vejo que as ondas possam estar idênticas àquelas que vou encontrar em competição», Camilo Abdula espera «fazer um bom campeonato em Espanha» e está confiante «num excelente resultado». Em breve o atleta parte, a título particular, para um meeting mundial em Bilbau para «aperfeiçoar a sua técnica».