O atleta, natural de Sesimbra, conseguiu uma das vitórias mais importantes da sua carreira, na categoria de Masters ao sagrar-se vice campeão da Europa. Apesar de ser um atleta amador já tem um currículo vasto de troféus.
Paulo Domingues, conhecido no meio do ciclismo como ‘Amarelo’, está a viver uma fase dourada da sua carreira. Aos 39 anos de idade, conquistou a medalha de prata, numa competição que reuniu os atletas mais capazes do velho do continente. «É sempre uma ambição que qualquer desportista tem, ir a um campeonato da Europa, ou do mundo, e conquistar medalhas. Já ganhei o campeonato nacional, algumas taças de Portugal, mas uma prova internacional!? Em muitos casos, só acontece uma vez na vida”, destaca.
O Campeonato da Europa de Downhill decorreu, este ano, em solo nacional, mais concretamente em Pampilhosa da Serra, no início desde mês de maio. Estavam inscritos na prova beirã cerca de 200 corredores, oriundos de 14 países: Alemanha, Áustria, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, França, Grã-Bretanha, Holanda, Irlanda, Itália, Portugal, República Checa, Suécia e Suíça.
No downhill, tal como o nome indica, desce-se de cimo de uma serra e corta-se a meta. Quem fizer isso em menos tempo, vence. Numa análise ao traçado da prova beirã, “Amarelo” considera que o seu objetivo foi fazer uma «descida limpa e sem erros», num percurso que considera de “tudo ou nada”. «Fiz cerca de três segundos e pouco menos que o primeiro classificado, também ele português, residente na Suíça. Preferi jogar pelo seguro e garantir um lugar no pódio, porque se tivesse arriscado, como o meu colega, poderia, até, ter acabado no primeiro lugar», relembrou ao Semmais.
O orgulho de poder representar o seu país, subir ao pódio e ouvir o hino nacional – algo que considera «arrepiante» – é um sonho que nutria desde a infância, mas, para chegar até aqui, já conta com 20 anos a ‘pedalar’, dividindo-se entre uma carreira profissional de eletricista e uma carreira amadora, como profissional de downhill, BTT ou Four-Cross, todas elas variantes do ciclismo. O treino, esse, tem de replicar pelo menos as condições encontradas nos pisos das provas nacionais.
«Eu faço um bocadinho de tudo. Ando de bicicleta pela estrada para manter o ritmo, faço um pouco de ginásio e depois a parte mais específica. Por exemplo aqui na zona onde vivo, Quinta do Conde, não temos uma serra longa, que nos possa proporcionar uma descida de três ou quatro quilómetros. O sítio para onde mais gosto de ir treinar e onde me sinto mais à vontade, para além de ter características semelhantes aos percursos nacionais, é em Sintra».
Um palmarés extenso e com conquistas importantes
As suas referências no downhill são Vasco Bica, Emanuel Pombo ou Francisco Pardal, para citar alguns, que são atletas mais jovens que Fernando, por quem nutre admiração e com os quais já teve oportunidade de competir. Elogia o facto de estes já estarem a colher frutos de uma maior popularidade deste tipo de modalidades desportivas, algo que no tempo em que começou a praticar, não acontecia.
Já venceu o Lisboa Downtown em 2010, já foi campeão nacional de BMX, por diversas vezes, já ganhou várias taças de Portugal de downhill urbano, bem como de Four-Cross (prova onde também se sagrou campeão nacional). Em suma, nestes anos de carreira, aquele em que “Amarelo” foi o mais bem-sucedido foi, mesmo, o de 2010, onde chegou a ser homenageado pela Câmara Municipal de Sesimbra, com a condecoração de ‘Mérito Desportivo’.
Para o futuro alimenta o sonho de ganhar um campeonato mundial de downhill e lamenta o facto de os atletas ainda serem pouco reconhecidos. «Conheço muitos desportistas de outras modalidades – e não falo só do futebol – que ganham medalhas de ouro, prata e bronze. (…) Para mudar isto, no meu caso, é tentar divulgar mais a minha imagem e arranjar mais patrocínios», conclui, agradecendo todo o apoio que os seus parceiros lhe vão dando, neste seu percurso vencedor.