APA DÁ LUZ VERDE AO AEROPORTO E AVANÇA COM 48 MILHÕES PARA MINIMIZAR IMPACTOS

Autarcas socialistas saúdam parecer contrariado por comunistas e alguns ambientalistas, que prometem recorrer aos tribunais. Península de Setúbal será valorizada com novas empresas e postos de trabalho. O próximo passo é a criação de um sistema de transportes rodoferroviário. 

TEXTO JOSÉ BENTO AMARO IMAGEM DR

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitiu uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) classificada como “favorável condicionada”, viabilizando assim a construção do novo aeroporto nas atuais instalações da Base Aérea nº6, no Montijo. A decisão agrada ao governo, às autarquias socialistas da região e à Quercus. As câmaras da CDU acabam assim por ser derrotadas, tal como os ambientalistas da Zero, que admitem tentar inviabilizar a obra interpondo uma providência cautelar.
“A DIA é favorável condicionada, viabilizando assim o projeto na vertente ambiental. A DIA inclui um pacote de medidas de minimização e compensação ambiental que ascende a cerca de 48 milhões de euros”, adiantou a APA num comunicado emitido quarta-feira à noite. A avifauna, a mobilidade e o ruído são alguns dos fatores a salvaguardar salientados no documento.
O presidente da Zero, Francisco Ferreira, reagiu ao comunicado da APA lembrando que existe uma ação judicial, em curso desde fevereiro deste ano, tentando evitar que o aeroporto fique no Montijo, e que, em agosto de 2018, foi apresentada uma queixa à Comissão Europeia.
Apesar da contestação da Zero, onde são apontadas “lacunas graves” ao processo de escolha do Montijo por, alegadamente, não ter sido efetuada atempadamente a Avaliação Ambiental Estratégica, não parece crível que o governo dê um passo atrás. Tanto mais que o próprio Ministério do Ambiente já aceitou a declaração da APA. Assim, para que tudo voltasse agora à estaca zero, seria necessário que a ANA – Aeroportos rejeitasse todo o processo. Esta entidade tem agora dez dias para avaliar as exigências colocadas à discussão, podendo aceitar o que já está decidido ou sugerir algumas mudanças.
Se a posição da Zero parece extremada e desfavorável, já a da Quercus é diferente. Em declarações ao Semmais, o presidente desta associação ambiental, Paulo do Carmo, disse que a solução encontrada “é a menos má” e que “pode dar resposta às necessidades do país”.
Paulo do Carmo mostrou-se satisfeito pela inclusão de verbas destinadas a mitigar os efeitos do tráfego aéreo na região, sobretudo a questão do ruído que irá afetar muitos habitantes da Moita e Barreiro. Havendo, ainda assim, necessidade de “acompanhar essas mesmas ações de mitigação e compensação”.
O presidente da Quercus manifestou também algum desagrado por, pelo menos por agora, não ter sido contemplada a construção de um oleoduto para abastecimento das aeronaves, retirando desse modo do interior do Montijo os cerca de 50 camiões cisterna que se prevê possam vir a circular diariamente na cidade. “Não foi valorizada a ligação ferroviária entre Almada e o Montijo”, disse o mesmo responsável, acrescentando que o serviço de comboios será fundamental para o bom funcionamento do futuro aeroporto.

Autarca do Montijo não desiste da ligação rodoferroviária

A decisão da APA agradou, sobremaneira, ao presidente da câmara do Montijo. Nuno Canta considera que, com a construção do aeroporto na atual base da Força Aérea, será dado “um passo muito importante para todo o concelho e para a região”.
“É um projeto histórico e o investimento mais estruturante para toda esta região a Sul do Tejo. Este é o maior investimento feito no país após a intervenção da Troika. Estou, naturalmente feliz e otimista com tudo o que se avizinha para a península de Setúbal, porque agora as perspetivas de mais emprego, mais pessoas e mais riqueza são reais”, evidenciou o autarca. “Serão triplicados ou até quadruplicados os postos de trabalho e, não menos importante, existirá a possibilidade de trazer emprego qualificado”, acrescentou.
“Agora”, diz, “é necessário reforçar os transportes públicos” e, se o facto de a travessia do Tejo ir ser reforçada o deixa satisfeito, continuam a subsistir reivindicações que iriam trazer um enorme contributo aos concelhos do Barreiro e do Seixal.
“Mais importante do que construir a terceira travessia sobre o rio Tejo é construir uma ponte rodoferroviária que una o Montijo ao Barreiro, onde já existe a infraestrutura ferroviária que fará a ligação para todo o Sul do país”, afirmou o edil. Nuno Canta refere ainda que o custo de uma ligação por ponte entre as penínsulas do Seixal e do Barreiro, mesmo tendo custos, será sempre compensadora, uma vez que serão inúmeros os ganhos em termos de tempo de deslocação e, em consequência, de diminuição de prejuízos ambientais e económicos.

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