CASCADE’19 TESTOU PRONTIDÃO DE MEIOS DE SOCORRO E SALVAMENTO

A queda de um viaduto, no Seixal ou uma operação de combate à poluição no Sado, em Setúbal, foram alguns dos cenários testados no exercício europeu de proteção civil. Luís Nicholson, capitão do Porto de Setúbal, faz um balanço positivo da iniciativa que revelou algumas fragilidades.

TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGENS DR

O distrito de Setúbal integrou o maior exercício europeu de proteção civil já realizado em território nacional. Numa organização da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) em colaboração com a Direção-Geral da Autoridade Marítima, e financiado pela Comissão Europeia, o CASCADE’19 envolveu mais de 600 operacionais de Portugal, Espanha, França, Bélgica, Alemanha e Croácia.
Os simulacros ocorreram nos distritos de Aveiro, Lisboa, Setúbal e Évora com situações de emergência, provocadas por sismos, condições meteorológicas extremas, inundações, acidentes em complexos industriais ou poluição marítima. No Barreiro, no Seixal, em Almada e em Setúbal ocorreram quedas de estruturas, acidentes ferro e rodoviários e incidentes de poluição marítima. Em Sesimbra deu-se a derrocada de uma arriba na praia do Ribeiro de Cavalo.
Um cenário que Luís Nicholson Lavrador considera «bastante possível, senão provável, de acontecer nas nossas praias» e que pode, mesmo, ter um fim trágico. «A projeção do material que cai pode ir até uma vez e meia a altura de onde cai. Se tivermos uma arriba com cem metros só estaríamos seguros para lá dos 150 metros. E aqui, nesta praia, não é possível conseguirmos essa distância».

Arribas vão cair, só não se sabe é “quando”

Com a época balnear “à porta” o Capitão do Porto e Comandante-local da Polícia Marítima de Setúbal, enaltece a importância de «lembrar aos banhistas que as instruções, das autoridades marítimas, para não permanecer em locais de perigo de queda de arribas, são mesmo para cumprir». Porque, assegura, «elas vão cair, só não sabemos quando e com que dimensão».
Em jeito de balanço do CASCADE’19, que considera «bastante positivo», Luís Nicholson afiança que o exercício permite «aumentar a capacidade de coordenação, comunicação e colaboração entre entidades e agencias. Pomos em prática planos e procedimentos que temos, e, sobretudo, continuamos a testar uma questão que apesar de estarmos em 2019 continua a ser uma realidade que são as comunicações em tempo de crise ou de acidente. Sempre foi um dos principais problemas e hoje continua, por incrível que pareça».
No Ribeiro de Cavalo não existe cobertura de telemóvel, não há nadador salvador, e os equipamentos de comunicação VHF não conseguem transmitir, devido à própria morfologia do terreno. Também a evacuação dos feridos levanta algumas reservas ao Capitão do Porto. «É uma praia que não tem acessos por terra e temos de fazer a evacuação por mar. O que se torna extremamente complicado e poderá agravar a situação dos feridos, no caso de politraumatizados». 
Os meios utilizados neste simulacro em Sesimbra foram «apenas de entidades implantadas no concelho» e «os necessários para uma situação desta envergadura», reconhece Luís Nicholson.
Participaram neste cenário 27 bombeiros, 19 operacionais da Autoridade Marítima Nacional (AMN), 1 Patrulha da GNR com 2 militares, 1 posto médico avançado do gabinete municipal de proteção civil de Sesimbra com equipa técnica do Centro de Saúde (3 médicos), 2 viaturas da proteção civil municipal com 4 operacionais, 1 Equipa de Avaliação Técnica da câmara de Sesimbra e oito elementos da segurança social e ação social da autarquia, na zona de concentração e apoio à população.

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