Passadeiras de Alcochete mais seguras para invisuais

A segurança das pessoas com deficiência visual foi reforçada em algumas artérias da vila de Alcochete. A câmara implementou dispositivos sonoros nas passadeiras com semáforos, na prossecução de uma política de boas práticas de acessibilidade para todos.

A câmara de Alcochete instalou, em alguns arruamentos do concelho, dispositivos sonoros de auxílio aos deficientes visuais integrados nos sistemas semafóricos. Uma medida que vai ao encontro da política municipal de «permitir boas práticas de mobilidade das quais somos defensores acérrimos», afiança Fernando Pinto, edil de Alcochete.
Os primeiros dispositivos foram colocados nas avenidas D. Manuel I, Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete, da Restauração e no cruzamento da avenida da Revolução com a rua Carlos Manuel Rodrigues Francisco, mas seguir-se-ão outros pontos e estão previstas mais medidas, particularmente dirigidas a invisuais que se fazem acompanhar por cães guia.

Passadeiras escuras dificultam missão de cães guia

«Os animais têm dificuldade em identificar as passadeiras, particularmente, as que são em pedra da calçada e em que a separação é feita com uma pedra mais escura. Conversei com algumas pessoas, que se fazem acompanhar por estes cães, que sugeriram alternativas como pintar as pontas das passadeiras com uma fita preta e amarela ou, se conseguirmos, raspar o chão, no início e no fim do percurso. Parece que, assim, os animais detetam o obstáculo com mais precisão».
O autarca fala num investimento «residual, mas bastante válido» e que devia ser implementado em mais concelhos. «Nem tudo é possível concretizar de um momento para o outro, mas há coisas que são mais fáceis de automatizar e tornar real. Seria bom que mais concelhos começassem a investir nesta matéria, por forma a reduzir as adversidades que alguns objetos da via pública causam a pessoas com mobilidade reduzida».

Bombeiros vão ter mais segurança nas saídas de urgência

Ainda no quadro da segurança, acessibilidade e mobilidade para todos, a autarquia de Alcochete vai instalar, nas próximas semanas, sinalização luminosa junto ao quartel dos Bombeiros. O edifício está localizado numa estrada pública, de dois sentidos, e as saídas das viaturas «são muitas vezes condicionadas com o tráfego que ali circula», reconhece Fernando Pinto.
«Vamos implementar ali semáforos, acionados pela central dos bombeiros, para que, aquando uma saída de emergência eles possam sair rapidamente, sem estarem preocupados com o tráfego rodoviário. Com esta medida vamos criar maior conforto e possibilitar mais segurança a quem já nos empresta uma enormíssima ajuda em termos de urgência e emergência», concluiu Fernando Pinto.

ACAPO deseja que a medida aumente a segurança dos invisuais

Sobre esta medida da câmara de Alcochete, que ainda desconhece, Tomé Coelho, o presidente da Direção Nacional da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), espera que a mesma aumente, de facto, a segurança dos munícipes com deficiência visual.
Ao Semmais, Tomé Coelho realça ser «indiscutível» que as pessoas com deficiência visual «recebam a mesma informação que os peões sem deficiência visual. Os dispositivos são assim, em princípio, uma mais-valia, porque fornecem a informação que o sinal está verde e que se está a aproximar a viragem para vermelho. Os peões sem deficiência concordarão connosco nesta afirmação: Este sistema é utilizado por todos os peões quer tenham visão plena ou não».
Existem, ainda assim, segundo o responsável da ACAPO, «situações que podem criar alguma confusão aos peões, em particular em cruzamentos, onde poderá ser difícil distinguir de que travessia advém o som dos semáforos. Existem vários modelos de sinal sonoro, e alguns conseguem resolver este problema melhor do que outros. Por outro lado, referimos que nem sempre os dispositivos sonoros são aplicados como devem ser e a informação que fornecem nem sempre é fiável».
Relativamente ao equipamento instalado pela câmara de Alcochete, que a ACAPO «não teve a oportunidade de conhecer, nem sequer foi consultada para tal», admite «não poder afirmar convictamente que aumente a segurança dos munícipes com deficiência visual, mas, «espera que isso possa, efetivamente, acontecer».

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