PRÁTICA DO YOGA EM TODO O CONCELHO

O município vai ampliar parceria com “Áshrama” da Quinta do Anjo, reconhecido pelo ensino de excelência que ministra sob a orientação da confederação portuguesa.

TEXTO RAUL TAVARES IMAGEM DR

As crianças do primeiro ciclo de ensino do concelho de Palmela podem vir a beber os ensinamentos ancestrais do Yoga e a praticar esta arte que traz benefícios físicos e emocionais de grande relevo, nomeadamente altos níveis de concentração para os estudos, aumento de aproveitamento escolar e combate ao absentismo.
A promessa foi lançada ao Semmais pelo vereador Luís Miguel Calha, durante as comemorações do 12.º aniversário do “Áshrama” da Quinta do Anjo, dirigido pela médica e mestre de Yoga, Alice Paulo, um dos centros mais reputados da Confederação Portuguesa de Yoga. 
«Já mantemos uma colaboração estreita com este centro há algum tempo, mas queremos agora dar corpo a um projeto de alargamento desta prática às nossas escolas, aproveitando a qualidade de ensino que é aqui ministrado», afirmou o autarca. 
O projeto já está a ser alvo de estudo por parte do município palmelense, sendo que Luís Miguel Calha, acredita que «muito em breve» este possa ser concretizado na área da educação, mas também noutros domínios da comunidade do concelho, nomeadamente na Palmela Desporto e «ampliando a oferta disponível em diversas instituições e colectividades», em articulação com o “Áshrama” da Quinta do Anjo.
Para o autarca de Palmela, o «ambiente de grande cumplicidade, felicidade e harmonia» que testemunhou por ocasião de mais um aniversário do “Ashrama” da Quinta do Anjo, é bem a prova de que «vale a pena tornar esta experiência à globalidade do concelho», em articulação com os responsáveis do Centro de Yoga e da Confederação Portuguesa de Yoga.

Benefícios já comprovados em escolas básicas do país

A diretora do “Áshrama” da Quinta do Anjo, que é também responsável pelo de Setúbal, não tem dúvidas dos benefícios desta prática junto das crianças em fase escolar, uma vez que para além do bem-estar associado a esta prática, verifica-se uma melhoria na promoção da saúde dos praticantes, porque «o yoga trabalha os níveis físico, mental e emocional, com resultados concretos na integração e harmonia das crianças no meio escolar e até no seio familiar».
Levar esta prática aos currículos escolares, tem sido uma das grandes batalhas da Confederação Portuguesa do Yoga, liderada por Jorge Veiga e Castro, Grande Mestre Internacional, com alto reconhecimento em todo o mundo, em especial na Índia, pátria-mãe do Yoga tradicional (ver entrevista).  «Curiosamente, uma das primeiras experiências com escolas foi lançada há cerca de vinte anos por uma escola em Setúbal, Agrupamento Lima de Freitas, que criou um clube de Yoga. Nunca mais parámos. Em Cacia, Aveiro, já temos o Yoga no currículo oficial com resultados excecionais, mesmo em turmas complicadas. Acabou o absentismo, deixou de haver processos disciplinares e nunca mais ocorreu uma expulsão», afirmou ao Semmais.
Mas há também outras experiências já consagradas em estabelecimentos escolares no Porto, sendo que o mesmo começa a acontecer em Lisboa. «Este processo é imparável, e aguardamos a possibilidade, já lançada ao Governo, para incluir esta prática no sistema curricular oficial do ensino em Portugal, até porque cada vez mais os portugueses estão a aderir ao Yoga como forma de estar na vida».

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Ensinar Yoga de excelência num ‘paraíso’ da Quinta do Anjo 

No “Áshrama” da Quinta do Anjo, o Yoga junta praticantes de todas as idades, a começar por crianças a partir dos três anos, que já conseguem ter a consciência necessária para os elaborados exercícios que traduzem os ensinamentos desta arte milenar de bem-estar e meditação.
Uma aventura que segundo a sua responsável Alice Paulo, «tem valido a pena», até porque o crescimento de praticantes entre a Quinta do Anjo e Setúbal, onde se localiza o outro centro de Yoga dirigida por esta médica, «tem sido muito significativo», totalizando uma centena de pessoas. Alice Paulo, que chefia também o Departamento Médico da Confederação Portuguesa do Yoga, congrega à sua volta uma autêntica família entre alunos, instrutores, professores e mestres, e suas famílias, que se sente em cada canto do “Áshrama” da Quinta do Anjo, local paradisíaco, com instalações modelares e jardins em redor, que foi construindo passo a passo. «A nossa missão é transmitir felicidade e harmonia a todos os que nos rodeiam», sintetiza. 
A presença nas celebrações do 12.º aniversário do Centro da Quinta do Anjo, do representante da Câmara de Palmela, Luís Miguel Calha, e do presidente da Confederação Portuguesa do Yoga, testemunha a importância e o reconhecimento deste “Áshrama” no panorama nacional do Yoga.

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PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE YOGA, EM ENTREVISTA EXCLUSIVA

«Os Yogi são os principais ecologistas do planeta»

Jorge Veiga e Castro tem dedicado a sua vida ao Yoga e ao crescimento desta arte milenar um pouco por todo o mundo. Orgulha-se da formação técnica e espiritual ministrada pela Confederação que lidera, foi responsável pela criação do Dia Internacional do Yoga e pelo reconhecimento do Yoga como Património Imaterial da Humanidade, mas quer ir mais longe: Yoga no currículo das escolas e fazer do dia 21 de Junho o “Dia Global da Humanidade”. 

Há ideia de que o Yoga tem crescido muito em Portugal, que razões estão na base desse movimento?

Tem havido, de facto, um crescimento exponencial. A verdade é que as pessoas querem praticar este tipo de Yoga oriundo da Índia e nós temos esse produto para oferecer, porque representamos o verdadeiro Yoga tradicional, com cerca de pelo menos doze mil anos. Para ter uma ideia, dispomos já de cerca de 50 “Áshramas” em todo o país e atingimos mais ou menos cem mil praticantes.
Considero que os portugueses são muito inteligentes. No nosso caso, praticam, gostam, continuam a praticar e passam a palavra a familiares e amigos. É esse o percurso. 

O reconhecimento internacional e, em especial, da própria índia relativo às técnicas do Yoga ministradas pela confederação é também um cartão-de-visita relevante, não lhe parece?

Claramente. Fundámos a Confederação Ibérica, cujo 10.º Congresso ocorreu em Évora, junto ao templo romano, e fomos escolhidos para fundar uma Confederação Europeia, objetivo também concretizado, sendo que o último congresso realizou-se em Paris. Essas três entidades têm sido presididas por Portugal, o que diz bem do nosso reconhecimento.
Por outro lado, temos o reconhecimento da própria Índia, a pátria do Yoga, ocupando um lugar no “Steering Committee do Quality Council Of Índia, que visa a criação e o estabelecimento de regras e padrões de qualidade na formação dos profissionais do Yoga em todo o mundo.

E recebeu uma alta distinção do Governo da Índia, em 2015…

Sim, o Prémio “Padma Shrí”, distinção raramente atribuída a um estrangeiro, e pela primeira vez a um português, pelo trabalho que temos desenvolvido em prol do Yoga tradicional. É sobretudo um orgulho para a Confederação Portuguesa.

Tem falado sempre de uma formação de excelência, qual é o percurso para se atingir os diversos patamares no quadro da Confederação?

Dispomos de um Curso Superior de Yoga, que promove a criação de instrutores em seis anos, com 6500 horas de formação; professor com mais quatro anos e 6000 horas de formação, o que perfaz dez anos e 12.500 horas de formação; e finalmente, para ascender a mestre, outros quatro anos de formação e mais 9.500 horas de formação, o que atinge um total de catorze anos e 22.500 horas de formação.

Consegue sintetizar a base dessa formação na sua substância?

O Yoga é vasto e dirigido a todas as partes do corpo humano, física, mental, emocional, concreto e abstrato, para além da mente, porque a meditação é própria do Yoga, ela não existe fora desta prática e destas técnicas, porque a meditação é o Yoga.
Ao terem essa formação e ao ensinarem dessa maneira total oferecem essa dimensão total do ser humano e é surpreendente. As pessoas ficam surpreendidas. Como nós dizemos, O Yoga é a prática do Terceiro Milénio, como nós dizemos. Quem experimenta fica. 

Mas há outros ‘Yogas’ se me permite assim dizê-lo…

Não queria muito focar esse aspeto, mas sim, temo-nos confrontado com formações irrelevantes e indignas do Yoga, que é originário da Índia. Não nos interessa qualquer outra coisa que não venha desse berço, embora, sobretudo no período medieval tenham surgido também na índia outros ramos.
Mas, nós, praticamos um Yoga que engloba todas as catorze técnicas tradicionais, mais seis complementares, num total de vinte. Para ser claro, não nos interessa treinar só a parte física, ou só a parte mental, ou só exercitar o relaxamento. 

Vamos a causas de visão mais larga. Tem-se batido pelo ambiente e pela ecologia. O combate ao plástico, por exemplo, tem estado muito presente no seu discurso, qual é a mensagem fundamental?

Começo por lhe dizer que o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, quando foi às Nações Unidas pedir que se oficializasse o Dia Internacional do Yoga, em 2001, afirmou que “os Yogi são os principais ecologistas do planeta”. 
O que nós proclamamos é que o planeta tem que estar saudável, porque ele é parte de nós. Respiramos e comemos o que poluímos. Portanto, o mínimo de sabedoria é lutarmos para que o meio ambiente esteja limpo e saudável. E dizemos mais: dizemos ‘basta’, não podemos continuar nesta loucura que está a intoxicar o mundo, com os efeitos que isso está a ter na saúde de todos nós e nos gastos dos países.

Que outras batalhas fazem parte da vossa ‘carta de intenções’?

Em 2001 lançamos um manifesto com 30 pontos e, destes, (cont.) definimos quatro passos essenciais. O primeiro era oficializarmos o Dia Internacional do Yoga – o qual, já agora, em 2002 foi comemorado em Setúbal, que trouxe mestres de todo o mundo, tornando Portugal a capital do Yoga à escala internacional – o segundo passo, seria tornar o Yoga Património Cultural Imaterial da Humanidade, o que veio a ser consagrado em 2016, numa sessão da Unesco, o terceiro tem a ver com a entrada do Yoga nos currículos oficiais das escolas em todo o mundo, uma luta que estamos a enfrentar, e o quarto passo que o dia 21 de Junho se tornasse o primeiro Dia Global da Humanidade.

Com que intenção, para além do simbolismo…

Seria uma espécie de feriado mundial, durante o qual, para além das festas de todas as culturas e religiões, o Yoga, que é uma filosofia de vida, ajudasse a parar, nem que seja por 24 horas, o derramamento de sangue, que é um dos principais males da humanidade. Precisamos de viver em paz e dar um futuro às novas gerações. 

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