SONDAGEM DA AXIMAGE REVELA CONCORDÂNCIA DE 90% DOS INQUIRIDOS
A quinta de Braamcamp vai ser vendida a particulares para ali nascer um projeto imobiliário. Movimento “anti projeto” ameaça com providência cautelar e exige revisão do PDM. Autarquia reconhece que o documento está desatualizado, mas garante que todas as questões ambientais estão salvaguardadas.
TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM DR
Segundo uma sondagem realizada pela Aximage, Comunicação e Imagem, Lda, os barreirenses “aprovam o projeto de requalificação para a Quinta Braamcamp”, proposto pela Câmara do Barreiro, e que implica um investimento privado de 60 milhões de euros.
Em causa está a ocupação de 21 hectares de terreno, com zonas desportivas e espaços verdes, um campo de futebol, zonas de lazer e de desporto náutico e cerca de 40 fogos para habitação.
O concurso será aberto em julho, segundo informações da autarquia do Barreiro, sendo que há já, pelo menos, um investidor interessado que, garante a autarquia e o próprio, em declarações ao SOL, irá ter em conta “as questões ambientais que envolvem o projeto”.
Perante as vozes que se têm levantado contra a concretização deste projeto, nomeadamente do movimento ‘A Quinta Braamcamp é de Todos’, a autarquia solicitou a realização deste inquérito, que agora é divulgado, e demonstra que “76,5% dos cidadãos entrevistados concordam com a alienação dos terrenos da Quinta Braamcamp, que obriga os compradores a cumprirem o projeto de requalificação que está previsto para toda a zona”.
91,1% dos inquiridos “consideram importantes as mudanças previstas para o local” e que este megaprojeto imobiliário é “uma mais-valia para o Barreiro e para quem mora no concelho”. Opinião diferente tem manifestado, pública e recorrentemente, o movimento ‘A Quinta de Braamcamp é de Todos’ que teme que o projeto privilegie o imobiliário e não a qualidade de vida. Em declarações ao SOL André Carapinha, um dos responsáveis do movimento, alerta que a Braamcamp “é um espaço ribeirinho único, com uma importância ambiental, com um grande potencial ambiental e muito turístico capaz de ser tornar uma âncora de desenvolvimento sustentável no Barreiro”. Ora, este projeto, preconiza, “vai privilegiar o imobiliário e não a qualidade de vida dos cidadãos”.
PDM da discórdia
O Movimento, que “pondera avançar com uma providência cautelar” para travar o projeto, alude, objetivamente, à questão da revisão do Plano Diretor Municipal, criado em 1994, que, a acontecer, não iria permitir a construção prevista.
Em declarações ao mesmo jornal André Carapinha realça que apesar de permitir a construção daqueles fogos “se a sua revisão fosse feita agora, à luz dos regulamentos ambientais e da carta de risco das alterações climáticas, nunca seria autorizada a construção de apartamentos naquela zona que é considerada de perigo maior”.
A autarquia, liderada pelo socialista Frederico Rosa, discorda das apreciações do movimento, e confirma que, apesar de desatualizado, o PDM está a ser revisto. «Coisa que nunca aconteceu em mandatos anteriores». Rui Braga esclarece que «está a ser feita uma revisão do Plano, que, ainda este ano, será analisada pelas entidades competentes».
O vereador que detém, entre outras, as pastas do planeamento, mobilidade ou desenvolvimento económico, manifesta «satisfação» pelo resultado deste barómetro da Aximage que, segundo o autarca, «demonstra que a grande maioria da população está ao lado desta intervenção, que será bastante positiva para o concelho e para o desenvolvimento da região».



