«Deixar cair esta casa era deixar colapsar uma parte relevante da área social do Montijo»
A Mutualista Nossa Senhora da Conceição recorreu ao PER com a concordância de 92% dos credores. Um instrumento que permite à IPSS resolver um passivo de 10 milhões de euros, em 23 anos, garantindo os salários dos cerca de 240 funcionários e as benesses dos 3600 associados.
As contas já começam a refletir a implementação do Processo Especial de Revitalização. Foi a única alternativa que encontramos, quando nos deparámos com um passivo crescente de 10 milhões de euros. Era o PER ou deixar cair a instituição. E isso significava deixar colapsar uma parte relevante da área social do Montijo», admite Pedro Santos, presidente da União Mutualista Nossa Senhora da Conceição.
O jovem empresário assumiu recentemente a liderança da União Mutualista do Montijo num processo conturbado que começou em 2014. O presidente eleito, António Júlio Almeida, pediu demissão dois anos após tomar posse «por temer não conseguir reverter a situação de quase insolvência que encontrou», lembra Pedro Santos. Seguiu-se Jaime Crato que, por questões pessoais, acabaria por suspender o mandato, dando lugar ao jovem empresário que, «pro bono», dirige agora a instituição.
«Não há dinheiro para pagar à administração, por isso, tem que ser assim. O nosso bastião são os salários dos nossos funcionários, que já estão em dia, o pagamento à banca, à segurança social e aos credores dos nossos edifícios». Pedro Santos acredita «piamente» que vai ser possível ultrapassar «este pequeno inverno na vida da instituição».
Repensando o modelo de gestão, «que deve ser profissional», eliminando valências que não são sustentáveis, «a infância ainda perde dinheiro», privilegiando o outsourcing em áreas como a cozinha e a limpeza, o cumprimento do PER, «com uma profundidade de 23 anos e pagamentos de 500 mil euros ao ano», e a reestruturação ao nível dos excedentários vai permitir, segundo Pedro Santos, «melhorar a qualidade dos serviços e evoluir».
Resultados positivos
no primeiro trimestre do ano
Evolução que já se nota, por exemplo, na área da saúde com os resultados da farmácia, onde os sócios têm bastantes regalias, a apresentar resultados positivos no primeiro trimestre deste ano. «A farmácia não tinha resultados positivos há mais de 11 anos. Neste momento temos um ativo de 15 mil euros. Mas falta-nos limar outras arestas», diz.
O fundo de sócios que «é negativo há cem anos» é uma dessas “arestas”, bem como a valência de medicina no trabalho «que não trazia qualquer retorno». A gestão da União Mutualista, «onde se pagavam salários de 12 mil euros, em que a despesa com funcionários ascende a 300 mil e onde se perdia um milhão por ano, foi muito prejudicial para a sua sustentabilidade. Mas, devagar, e de forma consciente, vamos conseguir reerguer-nos», afiança Pedro Santos.
O Plano de ação 2018-2042 da União Mutualista do Montijo está traçado ao pormenor, sem perda de património, com juros de pagamento à banca de 1% (em vez dos 7% anteriores), e com a organização de procedimentos internos em curso para certificar a qualidade. Premissas «elogiadas pelos nossos credores e pela banca que nos deu um voto de confiança», reconhece o presidente da IPSS que ainda não decidiu se se recandidata à presidência.
Acordo com o grupo
Mello Saúde orgulha instituição
«Eu era vice-presidente. Assumi a presidência porque o caminho estava traçado e não
podíamos voltar atrás. Quero que a instituição respire fundo, novamente. Que os funcionários estejam motivados, que os sócios mantenham os seus benefícios e que as mais de mil famílias que apoiamos nunca fiquem sem resposta. O Montijo merece isso de nós, seja de mim, seja de quem vier a seguir».
Neste momento o procedimento de Certificação de Qualidade (ISO 9001) está quase concluído e estão prestes a começar as obras da nova clínica da Mutualista, a ser edificada junto à praça de touros do Montijo, que será gerida pelo grupo José de Mello Saúde. «É um acordo prestigiante e honroso», ressalva Pedro Santos.
«Liberta a nossa clínica atual para alargar algumas valências como o Lar, onde recentemente crescemos 18 novas camas particulares, com a autorização da segurança social, e assegura todos os direitos convencionados com os associados da Mutualista Nossa Senhora da Conceição do Montijo. A continuidade do quadro de pessoal da clínica na futura unidade CUF Montijo, que será inaugurada em 2020, também está assegurada», conclui.