“FADO LOW COST” PARTE PARA A ÚLTIMA VIAGEM DO MÊS NO DIA 27

A primeira série de apresentações da comédia musical “Fado Low Cost” termina este domingo, dia 27. O espetáculo de duas horas, numa viagem da companhia aérea “Bordas and Zebaida Airlines” (BAZA), privilegia o humor e a crítica social.

TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SIMÕES DA SILVA

Durante o mês de outubro, Bruno Frazão encenou e dirigiu um elenco de cerca de trinta pessoas que deu corpo, no Grupo Desportivo Independente, à comédia musical “Fado Low Cost” protagonizada pelo próprio e por Natália Abreu, acompanhados por cinco fadistas, um corpo de baile e uma dezena e meia de figurantes.
A peça original, escrita pelos protagonistas em parceria com Ester Correia e Carlos Crispim, inspira-se no casal “Nelo e Idália” para criar o Sr. Bordas e a Dona Zebaida que, entre fados e outras cantigas, retratam “os usurpadores da nossa sociedade, aqueles que agarram nos ideais e ideias dos outros e vivem à sua custa, enganando-os e burlando-os”, explica o encenador. 
A resposta do público tem sido bastante positiva e Bruno Frazão “orgulha-se” do impacto que a peça tem tido “naqueles que nos vêm ver e que, apesar de não encomendarmos, têm feito eco nas redes sociais da sua qualidade. Sucesso que “se deve” às fadistas Carla Lança, Joana Lança e Sara Margarida, que interpretam Amália Rodrigues, Nuno Rocha e Carlos Nascimento, que se revezam no duplo papel de Mísia e Camané, e Marlene Couto que recria a fadista Marisa. 
O corpo de baile, coreografado por Marlene Lourenço e composto por oito bailarinos, foi, para o encenador, uma das conquistas deste espetáculo. “Pela primeira vez consegui o feito de ter homens no corpo de baile, sendo que dois deles são futebolistas e chegaram a faltar a alguns treinos para vir aos ensaios”. Juntam-se ainda as três “fadetes” que, de forma irónica, simbolizam as Back Vocals de alguns artistas e mais de uma dezena de figurantes.  

Espetáculo feito com muito esforço e entrega

Bruno Frazão só fará contas no fim das apresentações, mas acredita que a produção deverá rondar os 2500 euros.  “Felizmente tenho muitos amigos e consegui construir o espetáculo com antecipação. A Loja dos Tecidos, permitiu que trouxesse o que preciso e depois vou pagar, a costureira trabalhou gratuitamente, os fadistas, colocando em causa a sua carreira e, até, cancelando alguns espetáculos, atuaram gratuitamente, a companhia de teatro Estúdio Fonte Nova emprestou material e a câmara deu, também, apoio logístico”, sublinha.
Sem apoio monetário externo, a bilheteira é o único suporte para fazer face às despesas. O bilhete custa cinco euros, “um valor justo e bastante acessível”, apesar de saber que “algumas pessoas pagam, por vezes, com dificuldade”. Mas são elas, diz Bruno Frazão, “que não deixam morrer o teatro e que nos motivam a estar em palco”, afiança.

Queixa na SPA é sinónimo de sucesso incomodativo

O espetáculo demorou dois meses a montar, mas bastou a primeira apresentação pública para que Bruno Frazão pudesse “medir o pulso ao sucesso” do trabalho de todos. Não só pelo “feedback que fomos recebendo, mas, também, pelo contacto da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA)”.
Ironicamente a peça, que aborda questões como a usurpação de ideais, mal estreou e foi logo denunciada à SPA. “Sabemos que estamos a agradar a muitas pessoas quando o espetáculo chega à SPA.
Quando chega lá é sinal que temos sucesso. Sucesso que incomoda. Bastou a estreia para que, na segunda-feira, o nosso espetáculo já estivesse a ser denunciado. Felizmente, temos, como é meu hábito, tudo regularizado”, conclui.

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